
Angústia, Ansiedade e o Vazio Existencial na Contemporaneidade- (Um pouco sobre as ideias de Biyung Chul Han)
mar 27
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No último vídeo que eu fiz e postei no instagram (link aqui), falamos um pouquinho sobre a visão de alguns autores mais antigos acerca da ansiedade e da angústia. Conforme os existencialistas, nós já viemos para a vida com essa angústia intrínseca dentro de nós — uma espécie de condição fundamental do ser humano. Eles dizem que, no momento em que tomamos consciência de nossa própria existência, de nossa liberdade e da responsabilidade por nossas escolhas, essa inquietude surge quase inevitavelmente. É como se estivéssemos sempre à beira de um precipício, encarando a vastidão de possibilidades que a vida nos oferece.
Mas, se essa angústia já é parte de quem somos, por que sentimos que ela se intensificou tanto hoje em dia? A resposta pode estar, em parte, no fenômeno das redes sociais. Pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que os casos de ansiedade e depressão em jovens cresceram significativamente nos últimos anos — sobretudo após o início da pandemia, quando foi registrado um aumento de cerca de 25% nos índices globais de ansiedade. Esse dado mostra o quanto nossa geração parece mais vulnerável à sensação de vazio e de constante comparação.
E é aqui que entra o pensamento de Byung-Chul Han. Em seu livro A Sociedade do Cansaço, ele propõe que vivemos em uma época marcada pela autoexploração: somos, ao mesmo tempo, o patrão e o empregado de nós mesmos, sempre correndo atrás de resultados, likes, produtividade e autodesenvolvimento. A pressão de ter que performar em todos os âmbitos da vida — trabalho, relacionamentos, aparência, redes sociais — gera uma sobrecarga psíquica que nos deixa exaustos, sem espaço para o ócio ou para o simples “não fazer nada”.
Nesse cenário, o vazio existencial se aprofunda porque perdemos a capacidade de apenas “ser” sem buscar validação externa. Em vez de aproveitarmos momentos de pausa, ficamos ansiosos por não estarmos “produzindo”. É um ciclo vicioso que alimenta a angústia: quanto mais tentamos fugir dela por meio de atividade frenética e exposição digital, mais ela se fortalece.
Para Byung-Chul Han, a sociedade atual vive num ritmo acelerado de desempenho que nos priva do descanso real, do silêncio e do contato autêntico com nossas emoções. Esse excesso de estímulos e cobranças faz com que a ansiedade e a angústia deixem de ser apenas uma condição existencial para se tornarem um verdadeiro transtorno coletivo.
E você, como tem lidado com esse cansaço existencial?
Nos próximos posts, vou trazer algumas reflexões e dicas para encontrarmos um ponto de equilíbrio entre a busca por realização pessoal e a necessidade de respeitar nossos limites. Afinal, por mais que a angústia faça parte da nossa condição humana, é possível aprender a conviver com ela de forma mais saudável, sem que ela se torne paralisante.
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